Organização Mundial de Saúde (OMS) manifestou-se sobre a crescente
ameaça da gonorreia resistente a antibióticos, em um comunicado oficial:
Milhões de pessoas com gonorreia correm o risco de ficar sem alternativa de tratamento, a menos que medidas urgentes sejam tomadas. Diversos países (incluindo Austrália, França, Japão, Noruega, Suécia e Reino Unido) relatam casos de resistência aos antibióticos à base de cefalosporina – a última opção de tratamento contra gonorreia. Todos os anos, um número estimado de 106 milhões de pessoas são infectadas.
Alarme
Desde a década de 1990, um pequeno grupo de pesquisadores em todo o
mundo alertou que a gonorreia estava se tornando resistente ao último
grupo de medicamentos, as cefalosporinas, que podem curar a doença em
ambiente ambulatorial. Esses remédios podem ser administrados por via
oral e geralmente demandam dose única ou um baixo número de doses para
permitir a cura da doença. Essas são condições importantes, porque são
nelas que a comunidade médica de controle das DSTs se baseia. Programas
comunitários – visitas individuais a clínicas de baixo custo onde os
medicamentos são dispensados de forma relativamente rápida – elevam o
custo de controle das DSTs.
A comunidade de controle das DSTs tem apresentado tanto sucesso por
tanto tempo que quase nos esquecemos de quão horríveis a gonorreia e
doenças semelhantes podem se tornar, caso não sejam tratadas. O plano da
OMS nos lembra:
As sequelas a longo prazo de infecções gonocócicas não tratadas incluem uretrite persistente, cervicite, proctite e infecções disseminadas que podem levar à doença inflamatória pélvica, infertilidade, aborto no primeiro trimestre, gravidez ectópica e morte materna. Consequências à saúde dos recém-nascidos incluem infecções graves que podem levar à cegueira. Além disso, uretrite gonocócica (como muitas outras doenças sexualmente transmissíveis) aumenta significativamente o risco de contrair e transmitir o HIV.
O plano trata especificamente de um aspecto do problema da
resistência crescente: o controle comunitário depende agora de testes
moleculares rápidos que identificam o organismo causador da gonorreia
(Neisseria gonorrhaea), mas não pode distinguir entre os indivíduos
suscetíveis a drogas e os resistentes aos antibióticos. Assim, quando
doentes eram tratados e depois voltavam aos médicos com os mesmos
sintomas, assumia-se que eles tenham sido curados e então
reinfectados. Os doutores não tinham ferramentas para identificar
infecções em curso que nunca respondiam ao tratamento – e pacientes que
apresentavam tal resistência passavam a infectar outras pessoas, sem
saber.
Para resolver esse problema, o plano prevê melhorias específicas na
capacidade de laboratório, no diagnóstico e na vigilância, bem como
demanda soluções às principais causas da resistência aos antibióticos:
conscientização do problema, maiores esforços na prescrição de
antibióticos adequados e melhoria na qualidade dos medicamentos. Uma
demanda particular aos médicos é de começar a aplicar um “teste de
cura”, que consiste em verificar microbiologicamente se o paciente a
quem foi prescrito antibiótico para tratar a gonorreia está limpo da
infecção ou carrega uma variedade resistente da bactéria.
O problema, é evidente, é que quando se começa a trazer os pacientes
de volta e dar-lhes testes adicionais e diferentes, o controle das DSTs
torna-se mais caro. (Isso sem sequer mencionar os adicionais, os custos
de desenvolver novos esforços educativos, diferentes sistemas de
vigilância ou drogas). Essa advertência da OMS pode significar,
portanto, que soa um alarme global: uma admissão tácita de que a era de
controle de DSTs a baixo custo pode ter acabado.
Via sweetlicious (Altamente recomendado!)
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