“Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor.” (Mateus 24:42).

Saúde do Trabalhador: "Síndrome de BURNOUT ?"

Burnout, do inglês to burn out, que significa "queimar por completo", pode ser também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970, Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, a sua definição para tal estado foi de "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional", a pergunta é: Você já se sentiu assim ? 
Por diversas vezes vejo amigos de trabalho em incessantes momentos de "conflitos consigo mesmo e com seu ofício", seria um prenuncio? Então vamos aprender um pouco mais sobre essa condição de saúde.
É claro que o excesso de informações e de preocupações são exemplos de fontes de estresse no mundo moderno, então poderíamos resolver a questão de forma fácil e somente tratar dos pacientes objetivando o termo: "equilíbrio", mais calma o nosso problemas vai mais além. Epidemiológicamente 7 em cada 10 brasileiros reclamam de estresse no seu ambiente de trabalho, destes, pelo menos três sofrem da  Síndrome de Burnout,  que tem no ambiente de trabalho seu gatilho por pessões no ambiente profissional, é o que afirma o ISMAInternational Stress Management Association.

O Brasil encontra-se em segundo no ranking dos países do mundo com os níveis de estresse considerados de alto valor, de certo modo podemos ter como base que se o estresse tem foco fisiológico, sem sobrecargas, vai de certa forma contribuir de forma saudável para o crescimento e o desenvolvimento dos nossos ossos, músculos, cérebro e demais partes do corpo, mais se a sua causa for de foco patológico, porém, relacionada aos estímulos externos e à pressão a qual é submetida uma determinada pessoa e ao desgaste que ela pode sofrer sob esta pressão, vai desencadar os quadros sintomáticos desta  síndrome, o Burnout é consequente a um processo crônico de estresse, cabe relatar que, na Europa, o estresse aparece como um dos fatores mais importantes em relação à diminuição da qualidade da saúde na década de 1990 segundo a European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions, publicou no ano de 1995.
Para termos a idéia da grandiosidade  deste problema, na América, o estresse  e seus problemas relacionados, como o Burnout, provocam um custo calculado de mais de US$ 150 bilhões anualmente para as organizações e empresas, é que afiirma Donatelle e Hawkins, em seu estudo do ano de 1989.
A OMS diz que as implicações financeiras específicas que o Burnout acarreta merecem ser avaliadas; diante da insatisfação, absenteísmo, rotatividade e aposentadoria precoce causados pela síndrome no trabalhadores, em um estudo de equipe pertencente à Organização Mundial da Saúde, o Burnout foi considerado como uma das principais doenças dos europeus e americanos, ao lado do diabetes e das doenças cardiovasculares  este estudo foi condizido por Akersted no ano de2004 e anteriormente discutido por Weber e Jaekel-Rreinhard em 2000, neste sentido e com a devida preocupação a OMS convocou um grupo internacional de conhecedores no assunto, o Cherniss dos EUA e a Cooper do Reino Unido, entre outros, a fim de elaborar medidas para a sua prevenção. (OMS, 1998).

O quadro clínico da Síndrome de Burnout costuma obedecer a seguinte sintomatologia:

1. Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais 2. Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado. 3. Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral. 4. Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima. 5. É freqüente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância à frustração, comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família. 6. Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente se referem à fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc. 7. Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família. 
Quanto à síndrome, os estágios que acontecem com quem geralmente é acometida por ela é de  doze os estágios, citamos:
  • Necessidade de se afirmar
  • Dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho;
  • Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
  • Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
  • Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho;
  • Negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
  • Recolhimento;
  • Mudanças evidentes de comportamento;
  • Despersonalização;
  • Vazio interior;
  • Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
  • E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.
 As pressões na saúde mental mundial estão se intensificando, são de acordo com as Nações Unidas, condições que considerando que o mundo será mais velho, mais populoso e mais pobre aproximadamente em 2050, essas condições ao seu redor, entre outras, criarão a tensão (estresse) e  a ansiedade em larga escala e sendo assim mais pessoas serão suscetíveis a transtornos mentais.
Segundo a OMS, “nossa saúde mental tem um impacto opressivo em nossas habilidades para funcionar e participar na sociedade. Temos de começar a colocar mais de nossos recursos a favor da saúde mental”.
Para que as mudanças sejam positivas, as decisões nas instituições devem de ser baseadas em evidências científicas sobre a abordagem e o tratamento que mantenham a saúde mental para, só assim, alterarem as políticas de benefícios e os recursos humanos sejam então direcionados, é o que afirmam Moreno-Jimenez, em seu estudo conduzido em 2000. 

Fonte:
  • A review and integration of research on job burnout. Cordes, C. e Dougherty, T. (1993). Academy of Management Review, 18, 621-656. Citado em O'Driscoll, M.P. e Cooper, C.L. (1996).
  • Sources of Management of Excessive Job Stress and Burnout. em P. Warr Ed.), Psychology at Work Quarta edição. Penguin.
  • Tailoring treatment strategies for different types of burnout. Farber, B. A. (1998). Artigo apresentado na 106a. convenção anual da American Psychological Association em São Francisco, California
  • Staff burnout. Freudenberger, H. J. (1974). Journal of Social Issues, 30(1), 159-165.

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